sexta-feira, 4 de março de 2011

Lições de uma jardineira

Meu canteiro... minhas flores... sempre me trazendo lições....
Para aqueles que estimam o pseudo escritor, e que param e honram o amigo com seus preciosos minutos, lendo textos enviados por e-mail, se já leram meus textos, sabem, adoro flores, gosto de abrir a janela, e ver cores, a opacidade das grandes cidades, dos grandes prédios não me agrada muito.
Aprendi a observa-las, a aprender com elas a imita-las com um grande amigo meu, ele adora citar como vestem-se bem os lírios, não é que ele tem razão!
Há alguns meses morreram meus kalanchoes, tive que refazer o jardim, desta vez, coloquei mini rosas em minha janela, quatro mudinhas muito bem selecionadas a fim de que enfeitem minhas manhãs.
Reguei... adubei.... cuidei.... as plantas vingaram, todavia.... para minha surpresa, não vingaram sozinhas... vi inúmeros brotos que saiam da terra que preparei para as roseiras, em um primeiro momento pensei em retirá-los, mas sabe... pareciam tão bonitinhos, resolvi deixar e ver no que dava.
Se passaram dias.... semanas, o que era só brotinho cresceu, e fui surpreendido ao constatar que os brotos que nasciam entre as roseiras possuíam folhas como os kalanchoes que eu havia retirado, que coisa linda, pensei que eles haviam morrido, e agora, vejo surgir no meu canteiro novas plantas, como são fortes e lutadoras, pensei eu.
Mais dias se passaram, as plantas que surgiram sozinhas cresceram, agora já caem pela jardineira, as roseiras.... bem.... as roseiras sumiram no meio de tanta planta, mas uma coisa me intriga... se são kalanchoes... cadê “o raio” das flores??
“Mas parece tanto kalanchoe”... indaguei eu... poxa... se florescessem, meu canteiro ficaria lindo! Ao contrario disto, estou vendo um monte de planta verde, e nada contra o verde, mas eu gosto de cores! A planta está linda, grande, forte, galhos viçosos... mas flores que é bom , nada. Resolvi dar uma semana para elas, e olha, torci para ver cores neste matagal, afinal, a função de uma jardineira na janela, é colorir a casa, pelo menos a minha.
Passou um dia, passaram dois, três, uma semana.... hoje acordei bem cedinho e abri minha janela... o que eu encontrei??? Verde.
Não pensei duas vezes, arranquei todas elas,  uma por uma, e olha, não é que a tal planta tinha raiz? Não queria sair de jeito nenhum, todavia, nenhuma delas sobrou, ai então constatei, que apesar de pequeninas e em menor número as quatro roseiras ainda persistiam em sobreviver, elas pareciam “nada” do jeito que estava o canteiro.
Talvez um vizinho curioso, ao me ver arrancando as plantas pensou: “que maldade, as plantas estavam tão lindas, tão fortes, tão viçosas”, mas para mim, que sabia o propósito do canteiro, canteiro que eu criei, todas elas, não passavam de mato. Para quem gosta de cores, mato verde não basta, criei o canteiro para ver cores.
Era tão parecido... mas era mato, e mato não dá flor. Mato cresce rápido, mato faz volume, faz sumir a roseira, ilude o jardineiro que aguarda a flor brotar...
lições de uma jardineira...
 ...por mais que o mato cresça, que faça volume, que seja bonito ao vizinho que olhe, o jardineiro fez o canteiro para dar flores... não para mato, neste sentido, mato não serve pra absolutamente nada que não seja fazer volume, mas volume é muito relativo, mas vale um punhado de moedas de ouro que um caminhão de estrume.
 ...por mais que as roseiras não apareçam, por mais que sejam abafadas pelo mato, por mais que suas flores sejam quase imperceptíveis pelo verde que as abafam, as roseiras existem, e as rosas também...
...por mais que o mato diga para a roseira: “você é louca em dar rosas, olhe ao redor, ninguém faz isto, que adianta dar rosas e ser pequena, mas vale ser mato e imenso como a maioria, ser visto por quem passa” uma roseira jamais pode desistir em produzir rosas, para isto ela foi criada.
... roseira que é roseira, não faz força para dar rosas, é da sua natureza, ela dá rosas porque isto lhe é natural, não precisa de métodos fantásticos de ultima geração para fazer desabrochar a flor, faz naturalmente....
... ninguém nunca viu, e nunca verá roseira dar rosa pela metade, e dizer: “estou me esforçando para conseguir formar uma flor inteira, olha, já consigo fazer flor com duas pétalas!” ou dá rosas ou não dá, podem ser rosas pequenas, mas sempre rosas inteiras, se não tem flores.... é mato e ponto final.
... para quem sempre foi mato, virar roseira é loucura, mas é melhor ser mato louco e começar a dar flor, que acabar na fogueira de mato seco.
... quantidade geralmente não é o alvo do jardineiro, ele quer ver flores e sabe apreciá-las... o maior jardineiro que conheci plantou e cuidou de 12 roseiras, sem ter pressa de ver o canteiro entupido... no fim da sua vida ele só tinha 11, uma roseira acabou por virar mato.
... jardineira cheia nem sempre é sinal de jardineira bem sucedida, é necessário conhecer os propósitos do jardineiro, todavia, poucos já pararam para ouvi-lo...
... mato faz sucesso, espalha rápido, cresce rápido, parece forte, parece até que um dia vai dar flor, mas não passa de mato, mais dia, menos dia, o jardineiro vem, o arranca e lança fora. (maranata!)
... que o mato se acha o dono da jardineira e que quando for arrancado, tem uma forte tendência a indagar com o jardineiro: “mas eu cresci, eu me esforcei para enfeitar sua janela, foi por você que estiquei meus galhos todos os dias”
... que o mato um dia vai ouvir do jardineiro... “nunca te conheci, minha jardineira nunca foi para você, a criei para ver flores, mas você nunca as teve, se preocupou em ser verde... em ser gigantesco... em debruçar-se pelas paredes da janela a fim de ser visto... nunca foi este meu propósito... meu canteiro é das pequenas roseiras, que sabem que são pequenas, frágeis, que muitas vezes quase não são vistas, mas que tão somente se preocuparam com o principal, me dar flores todas as manhãs...."
Qualquer semelhança não é de maneira alguma coincidência, mas totalmente proposital.
Que a paz, e o amor do grande jardineiro lhe inunde, e que ele encontre flores em você a cada manhã.
Super abraço
Léo  

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