domingo, 24 de abril de 2011

Vida Louca...

Vida louca....

Loucura... me sinto anormal, me sinto fora, me sinto doido, estou temeroso, me encontro em algum estado de insanidade mental....

Com toda sinceridade, meus últimos dias estão me levando a compreensões, as quais jamais imaginei que fossem possíveis....

Me lembro que sempre pensava que um homem padrão, era aquele que baseava-se em moldes elevados de moral, de ética, onde a mentira não entrava, onde a palavra contava, onde a vitória só era válida quando não se trapaceava, onde na igreja não haviam trapaças, afinal, todos tinham um só objetivo, onde os que andavam com a Bíblia em baixo do braço, diziam ser ela seu referencial de vida.

Nada está fazendo sentido, chegamos a um nível de corrupção tão absurdo, que dá vergonha ser honesto. Me sinto desarmado, incapaz, quando alguém não crê em mim, quando alguém pensa que seja impossível fazer o bem, “sem olhar a quem”, sem esperar retorno, sem ter interesses, sem contar com o dízimo, sem usar o “digno é o obreiro do seu salário” e preferir “o trabalhar pra não ser pesado ao próximo”, que afinal foram ditos pelo mesmo apóstolo, mas ele mesmo viveu a segunda declaração.

Parece que o evangelho já foi tão vendido, que quando alguém resolve dar “de graça”, o evangelho da graça, tudo fica sem graça.

Tem que cobrar, tem que manter todos com rédeas curtas, tem que haver escalas que mais parecem trabalho escravo, tem que haver campanhas para liberar o que já foi liberado na cruz, tem que cobrar o dízimo, e falar pra todos que se não der, Deus vira as costas e milhares de demônios invadirão as suas casas, trazendo só o que interessa da lei pra dentro do evangelho da graça, rasgando Romanos 8, afinal, Paulo se esqueceu que nada nos separa do amor de Cristo, exceto uma coisa, o não dizimar. Tem que pagar salários de cinco, dez, vinte mil reais aos “pastores”, mesmo que eles acordem a hora que querem, mesmo que eles passem todo o dia de folga, mesmo que não leiam a Bíblia, afinal, neste evangelho, “ungidos do senhor” são só eles, esquecendo que o Espírito Santo habita em todos os que professam o nome de Cristo.

Neste jogo capitalista-evangelico, tudo se acerta, tudo se explica, a concorrência é grande, por isto, vale abrir “igreja” do lado de “igreja”, vale fazer marketing, vale jogo sujo, vale a politicagem, vale o se vender pra garantir o salário no fim do mês, vale o dizer que não disse, vale não dizer o que não é conveniente, vale torcer pela queda da “igreja” “inimiga”, vale levantar a bandeira da “minha igreja”, vale tudo pra encher a loja, quer dizer, o “templo”.

Com o capitalismo evangélico eu consigo então entender porque sou tão desleal, afinal, a maquina precisa ser sustentada, a galera precisa trocar de carro todo ano, mais e mais imóveis precisam ser comprados, o "pastor" tem que ter do bom e do melhor, mesmo que pra isto, membros da “igreja” não tenham o que comer em casa e atrasem suas contas, burro foi Paulo, que trabalhava e passava necessidades. É covardia colocar meu “camelô” na porta deles, e começar a distribuir de graça a “mercadoria”, pela qual, eles vem cobrando pequenas fortunas a centenas de anos.

Sabe qual meu sonho? Queria ver um evangelho sem dinheiro, pastores sem salários, “igrejas” sem caixas, sem conta corrente, sem imóveis, sem honras humanas, sem poderosos, sem “presidentes”, poderíamos por Cristo como cabeça e todos nós sermos somente corpo, que tal? Alguns poucos permaneceriam, principalmente os poucos remanescentes que hoje tentam viver assim, se é que existem, mas com toda certeza, muitas “portinhas” e “portões” fechariam.

Me admiro como Jesus, o próprio Deus foi cometer a gafe de dizer aos seus discípulos que não cobrassem por um evangelho tão maravilhoso, ele deveria ter cobrado, talvez se o tivesse feito, talvez não teria nascido num estábulo, não precisasse pedir água, depender de pesca pra matar a fome, usar jumento emprestado, fazer ceia na casa dos outros, filar a bóia na casa de Zaqueu, até a cruz não era dele, muito menos o tumulo... nada ele teve, “deu mole”, poderia ter reivindicado, poderia ter pedido uma “legalidade” pra operar maravilhas, poderia ter exigido a “restituição” de 7 vezes mais, poderia ter mostrado pra todos como é o evangelho de verdade, com a benção da prosperidade material. Se ele não tivesse “vacilado”, se tivesse cobrado ofertas e dízimos de todos que curou, de todos os que dependeram dele, de todos que ressuscitou, de todos que o seguiam diariamente, Salomão tinha ficado pra trás.

Parece heresia, mas é isto que a gente vem ouvindo e vendo dentro das igrejas, se o texto soou mal pra você, se te pareceu um monte de besteiras, é bom reler, é bom repensar, é bom começar a ler a Bíblia e ser como os de Beréia, que ao invés de engolir a seco a palavra de Paulo, preferiram conferir se o que o apóstolo dizia estava coerente.

Quanto a mim... bem... estou tentando por a cabeça no lugar, estou tentando entender pelo menos um pouco de tudo isto, tentando achar uma resposta menos ofensiva pra quando um ímpio me questiona: você é evangélico? De qual igreja?....

Me perdoe pelo desabafo, sou apenas mais um pequenino, um simples irmão, talvez, “o maior dos pecadores”, mas prosseguindo para um alvo,tentando acertar. Somos falhos, sim, somos, mas poderíamos ser infinitamente melhores.

Que Deus nos ajude....

Maranata!!!

Leonardo, cristão somente, e esta designação já me é honra pra toda vida.

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