quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Santa matemática....

Este texto eu escrevi ano passado, pouco antes do resultado final das eleições presidenciais, enviei a alguns amigos via e-mail, lembrei dele estes dias e resolvi publicar no blog... grande abraço a todos e boa leitura!

Santa matemática....

Época de eleições, candidato para cá, candidato para lá, candidato a favor, candidato do contra, promessas para um lado e para o outro, mentiras... bem... mentiras para todo lado, mas como crianças que não perdem a esperança em um dia ver o Papai Noel descendo na chaminé, o povo brasileiro renova as expectativas e aguarda ansiosamente o resultado do plebiscito.

Em meio a esta bagunça “democrática”, palpites para todos os lados, e é claro, cada um, mesmo que dizendo ser “sem o menor interesse” puxa discretamente a sardinha para o seu lado. Todos querem dar sua opinião, ou talvez, ouvir a opinião de alguém confiável para quem sabe, obter a indicação do voto certo. Neste momento, surgem no meio do povo dito “evangélico” os grandes gurus, os homens de Deus, os santarrões que com inocência imaculada dizem:

“olha... não quero de maneira nenhuma influenciar ninguém, mas meu irmão é candidato”,

faça-me um favor, ou seja franco, e peça logo o voto para o familiar, ou então não fala nada, e para de usar o púlpito para pedir voto, o que ao meu ver seria muito mais decente e coerente com o evangelho, aliás, nem precisamos aqui citar a Bíblia, bastava um pouquinho de moral e de ética, mas infelizmente, moral e ética entre o povo dito cristão está atualmente como “cabeça de bacalhau” ou “enterro de anão”, todo mundo sabe que deve existir, mas raras pessoas já viram.

Mas não vou aqui ficar esquentando a minha cabeça com isto, afinal, cada um dará conta de si à Deus, e aparentemente, o povo crente gosta destas mentirinhas politiqueiras.

Estou escrevendo, porque afinal, momento de eleição também é momento de nós cristãos mostrarmos nossa opinião, dizermos a todos o quanto são “inegociáveis nossos preceitos”, e então colocarmos os joelhos no chão e pedirmos... “Senhor.... salva esta nação!!!” ou a mais conhecida.... “o Brasil é de Cristo Jesus!!!” Aleluia!!! Fico até emocionado.

“não aceitamos o aborto.... não aceitamos o casamento homossexual.... não aceitamos a liberação da maconha..... muito menos a legalização da prostituição!!!”

Olha, eu também tenho minhas opiniões quanto aos assuntos, mas sabe... acho particularmente que a gente fala muito... age pouco.

Age pouco, porque afinal, será que se o povo evangélico quisesse realmente mudar o Brasil, será que não conseguiria? Será que é impossível mostrar Jesus realmente a esta nação, mostrar que existe uma palavra de esperança?

Será que se os lideres evangélicos parassem com debates infantis e demagogos , deixassem de lado a arrogância de quem se acha mais santo que a “ralé”, síndrome papal enrustida, e começassem a ler a Bíblia de verdade, e agir, o Brasil mudaria?

Vou sair um pouco do meu papel de Teólogo, e quem sabe escrever um pouco como administrador, queria te mostrar uns números interessantes.

Segundo a pesquisa Data Folha de 2007, naquela época, o Brasil possuía cerca de 50 milhões de evangélicos, é claro que hoje este número já é bem maior, afinal, a pesquisa já é antiga e como é de conhecimento de todos... o evangelho continua a crescer no pais de forma rápida e progressiva, particularmente, não sei se efetivamente isto é noticia boa, mas.... vamos lá...

Suponhamos então que destes 50 milhões, somente metade contribuísse em suas “igrejas”, afinal, temos aqui os “infiéis”, as crianças, os caras que se dizem evangélicos mas que não aparecem nas “igrejas”, neste caso, teríamos 25 milhões de contribuintes.

Para ainda ficar mais legal, e ninguém dizer que eu fiz conta errada, ou que agi de má fé, tentando ludibriar os leitores com números errados, vamos padronizar a renda por baixo, sim, vamos supor que dos contribuintes, ninguém ganhe acima de 1 salário mínimo, ou seja, R$ 520,00, o que geraria um dízimo de R$ 52,00.

Para dar mais uma colher de chá aos meus críticos, vamos considerar na nossa conta tão somente o dízimo, abrindo mão de somar as ofertas “voluntárias”, auxílios missionários, campanhas miraculosas dos 70, 80 ou 120 pastores, campanha de tudo que se possa imaginar, ou seja, todas aquelas que você pega envelopinho e tem que contribuir para “ajudar a Deus te ajudar”, ahh sim... desconsidere também a tal de “primicia” que atualmente alguns lobinhos vestidos de cordeiro inventaram, pode tirar esta também.

Vamos fazer a conta, se multiplicarmos R$ 52,00 pelos 25 milhões de evangélicos contribuintes, teríamos a pequenina quantia de R$ 1.300.000.000,00 (um bilhão e trezentos milhões de reais) por MÊS arrecadados em nossas “igrejas”, o que seria equivalente a R$ 15.600.000.000,00 (quinze bilhões e seiscentos milhões de reais) por ANO.

Um dinheirinho bom não é mesmo, você faz idéia do que dá para fazer com isto? Não, você não faz a menor idéia, vou lhe mostrar algumas coisas.

Você sabia que no Brasil, atualmente temos 32 milhões de pessoas que ainda passam fome? Pois é, um país com tanta riqueza natural, mas que ainda possui pessoas em estado de miséria. Observe, se tomarmos como base o bolsa família, e nossos cálculos de cesta básica, onde mostram que para sair da miséria, cada cidadão precisa de algo em torno de R$ 40,00 por mês (é claro que é pouco, mas de fome o cara não morre), poderíamos então chegar a seguinte conta: 32 milhões de pessoas X R$ 40,00 = R$ 1.280.000.000,00 (um bilhão, duzentos e oitenta milhões de reais), isto mesmo, com este valor mensal, basicamente acabaríamos com a fome no Brasil, vamos juntar agora?

Faturamento das igrejas evangélicas = 1,3 bilhões de reais por mês

Valor necessário para acabar com a fome no Brasil = 1,28 bilhões de reais por mês

Se o faturamento das igrejas fosse utilizado neste sentido, acabaríamos com a fome em nosso país, e ainda sobrariam 20 milhões de reais POR MÊS, valor módico que dá para comprar tão somente 870 carros populares POR MÊS, e que poderiam ser distribuídos de brinde aos amigos pastores.

Se não quiséssemos usar com a fome, poderíamos, por exemplo, construir 624.000 casas populares POR ANO, e em pouco mais de 10 anos, acabaríamos com o déficit habitacional do país que atualmente é de 7,2 milhões de residências , segundo dados do Ministério das Cidades, sanando de vez com o problema de moradia em nosso país, e detalhe, sem cobrar um centavo dos novos moradores, diferente do que faz hoje o governo.

Agora, eu gostaria de te fazer uma pequena pergunta, o que Jesus faria em nosso país, se este valor estivesse nas mãos dele? Será que ele optaria a erradicar a fome, ou quem sabe a falta de moradia, ou ele optaria por construir belíssimos templos, dar salários astronômicos para pastores, comprar instrumentos de última geração?

É obvio que quando falamos de problemas como a fome ou moradia, encontramos uma série de fatores sociais e psicológicos a avaliar, mas eu estou aqui tão somente fazendo você pensar um pouco....

Pense, o que aconteceria, se a igreja tomasse esta atitude, se os lideres evangelicos chegassem hoje perante o Brasil e dissessem: “nós evangélicos nos comprometemos em alimentar todos os 32 milhões que hoje ainda estão passando fome, fazendo com que o quadro de miséria não mais exista em nosso pais” ou então “gostaríamos de informar a você que ainda não possui uma moradia, nós evangélicos estaremos doando a custo zero a cada um de vocês uma casa popular”.... o que aconteceria?

Posso lhe dizer o que aconteceria, isto já aconteceu, basta você abrir a sua Bíblia em Atos dos Apóstolos, ali, encontramos uma igreja que vivia assim, do repartir do pão, do compartilhar, do auxilio social a quem necessitava, afinal, foi isto o que eles aprenderam com o Mestre.... sabe o que ocorria? Atos 2 fala que a igreja caia na graça do povo, milhares e milhares conheciam a Jesus através da atitude daqueles homens. Hoje a gente vive se perguntando: por que as maravilhas que ocorriam lá não ocorrem aqui? A resposta é evidente, não temos nada a ver com aquela igreja.

Viu só, não é impossível mostrar Jesus a toda esta nação, não é utopia mostrar em atitudes o amor de Deus ao nosso Brasil, é fácil, a ferramenta já está nas nossas mãos, dinheiro para fazer a gente tem.... agora.... quem é que vai convencer aos nossos malafaias, macedos, santiagos, felicianos e outros mais que se espalham pelo Brasil, que o evangelho não se vende, que ao contrario do que eles pregam, os lideres da igreja primitiva passavam necessidades e morreram sofrendo martírio, algo bem diferente das regalias e orgias que vemos hoje, quem é que explica para eles que muito mais importante que trocar de carro todo ano com o dinheiro da igreja, é dar o alimento a quem precisa.... quem vai? Se alguém conhecê-los.... que encaminhe a mensagem e quem sabe, eles não tomam vergonha na cara.

Enquanto isto não acontece, ficamos nós recebendo scraps, mensagens, e-mails diários com síndromes de perseguição, com a paranóia de conspiração contra o “povo de Deus”. Sinto lhe informar, o Brasil não viverá a iniquidade se um ou outro candidato for eleito, se o aborto for ou não aprovado, se o vice de tal candidata é ou não filho do Satã, o Brasil infelizmente já vive a iniquidade faz tempo, e se não mudou ou não vai mudar, a culpa é nossa, é da igreja, que sabe e pode fazer algo, conhece a verdade, mas não abre mão do grande e lucrativo negócio que virou o evangelho. E não adianta oração, orar, sem tomar postura e iniciativa é jogar palavras ao vento, faça a sua parte.

Para finalizar, a você que acha minhas contas incoerentes, mas que leu todo o texto e agora está me achando ridículo, afinal, meus cálculos estão errados, gostaria de citar um pequeno texto da revista isto é que saiu no inicio de setembro deste ano:

“No Brasil, a fé é uma gigantesca indústria. Oficialmente, as doações declaradas pelas igrejas evangélicas e católica no Brasil somam R$ 1,7 bilhão por mês, segundo pesquisa do Instituto Análise em 70 cidades brasileiras. O valor é equivalente ao faturamento mensal de todas as empresas instaladas na Zona Franca de Manaus.”


Pois bem, como podem ver, meu cálculo não está tão fora, afinal, se católicos e evangélicos OFICIALMENTE arrecadam 1,7 bilhões por mês, sabendo que oficial é aquilo que vai para o contador, aquilo que é registrado, lembrando que a grande maioria das nossas igrejas não lança tudo no caixa oficial e tem caixa dois (por mais absurdo que pareça, mas é verdade), lembrando que uma outra grande parte nem contador tem, e lembrando ainda que uma enormidade de denominações nem ao menos é registrada, acho que eu calculei um valor muito baixo.

Sinceramente, quanto mais eu leio os evangelhos, quanto mais conheço a Cristo, mais dificil fica de tentar encaixar Jesus nos moldes do que hoje chamamos evangelho.

pare... pense.... reflita... questione......

se Jesus fosse o lider do evangelho em nossa nação (quem é sábio que entenda) o que ele faria com 1,3 bilhões de reais por mês?

Jesus não é teoria, nunca foi, nunca será.... Jesus se mostra no caminhar.

imenso abraço e paz... daquele que nos chamou à viver a verdade que liberta!

Léo

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